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sábado, 5 de abril de 2008
Eu tava lá: Bob Dylan (RJ, 08/03/08)

Olá, pessoas. Estou sumido horrores, neam? Isso se deve a problemas pessoais e, agora, faculdade. Mas o remorso me traz aqui de volta, e com um bom pretexto: falar do show que Bob Dylan fez aqui, na cidade maravilhosa, no último dia 8 de Março. Let's go. Eu tava lá.




Chegamos às 5 da Tarde ao Rio Arena, um local que consegue ser mais longínquo que o Meropolitan/Atl/Claro/Citibank Hall, que já eram buracos. No meio do nada de Jacarepaguá, aguentando o calor, a organização um tanto difusa da então mais nova casa de shows do Rio de Janeiro, e uma fila mal organizada, os portões foram abertos por volta das 7 e meia. Nos alojamos na Arquibancada 3 (a mais 'em conta', porque nois é povaum), e ficamos felizes por notar que o lugar não era ruim 'at all'. E bem, por volta das 9 e 35 da noite os primeiros acordes de guitarra soaram, e estava iniciado o concerto.

Após uma introdução falada que até hoje não sei do que se tratava (estava saindo do 'toalete' quando o show começou, e sim, sai correndo) a melodia de "Rainy day women #12 & 35" espalhou-se pelo Rio Arena. Melodia levemente modificada, com inverão de tonalidades e arranjo razoavelmente diferente. A faixa que abre o clássico álbum "Blonde On Blonde" (1966), constataria eu depois, foi uma das mais 'reconhecíveis' do show, onde, inclusive, cantávamos os versos "everybody must get stoned!" com uma quantidade razoável de pessoas. Digo isso, porque a canção seguinte, o clássico "It Ain't Me, Baby" estava... como dizer... Indecifrável. Com arranjo e melodias radicalmente modificados, creio que não muito mais do que o grupo de 5 fãs que estavam próximos a mim reconheceram a canção, cantando o refrão original desarmonicamente por cima da nova versão. E o ocorrido aconteceria por quase toda a noite. "I'll Be Your Baby Tonight", "Masters Of War", "My Back Pages", eram reconhecidas por pouquíssimos fãs, e, mesmo assim, eram inacompanháveis. Cantar uma canção do Bob Dylan junto a ele se tornava uma missão impossível. E reconhecer os clássicos uma tarefa pra quem sabia, e bem, as letras de cor.

O repertório favoreceu claramente os (excelentes) discos mais recentes, "Love And Theft" (2001) e sobretudo o "Modern Times" (2006). Tais canções sofriam alterações de arranjos mais discretas, e eram reconhecíveis com maior facilidade pelos fãs, ainda que estes resmungassem e preferissem mais clássicos. "Workingman’s blues #2" fez par com "Things Have Changed, (da Trilha Original de Wonder Boys, que rendeu um Oscar ao Tio Bob em 2003), e "Honest With Me". Uma sequência mais elétrica do show ficaria por conta da "Highway 61 Revisited", clássico absoluto do disco homônimo de 1965. De grande valia citar a excelente performance da banda de Bob, um sexteto (se não perdi a conta) blueseiro competente, que davam arranjos pesados e intensos a todas as músicas.

A única canção que realmente saciou a fome a brasileira paras os "sing-along" da vida foi, como era de se esperar, "Like A Rolling Stone" (também do disco de ‘65). A vibe (LOL) do show se tornou forte, as pessoas levantaram da pista (onde só haviam cadeiras), e pessoas se jogaram da arquibancada 1 para chegar mais perto do ídolo (obviamente isso não era permitido, e os seguranças tiveram trabalho). Tamanho foi o volume de vozes gritando o refrão "How does it feel / To be on your own?", que, mesmo tentando fazer a sua versão-completamente-diferente-da-original, Bob Dylan se rendeu e deixou o publico cantá-lo, no velho estilo 1965-way-of-life, terminando a primeira parte do show.

A festa se manteve forte, e uma versão ainda mais dançante que a original de "Thunder On The Mountain", fez o público se agitar, e reagir a ela como a um clássico dos anos 60 - única canção, alias, com tamanha receptividade. Perto, talvez, só "Things Have Changed". Particularmente foi um momento histórico para mim, pois foi a primeira vez que eu dancei e, pasmem, gostei de fazê-lo, ao vivo, com pessoas à volta a olhar. A saideira ficou por conta de uma belíssima versão do clássico absoluto "Blowing In The Wind", do "The Freewheelin..." (1963) que só não emocionou mais o público porque... adivinhem? Boa parte dos presentes não reconheceu o novo arranjo, ou se conseguiu, não foi capaz de cantar junto.

Balanço: dentro da atual proposta de show do Bob Dylan, o show foi magnificamente perfeito. Bob se mexia (pasmem) e inclusive se mostrava entusiasmado (PASMEM) durante a execução de várias canções. A voz dele só surpreendeu quem vinha escutando canções da década de 60 e esperava aquele mesmo Bob despenteado e revoltado contra o sistema cantando seus velhos clássicos, como "Mr. Tambourine Man", do Another Side... (1964). Mas o novo Bob não canta mais: limita-se a recitar ritmicamente boa parte de suas canções clássicas. O que, aliás, ele sempre fez. Somando isso ao fato dos poucos clássicos e de suas radicais diferenças às gravações originais, e da antipatia do ídolo, que basicamente só falou com o público ao final da apresentação, e ainda assim para apresentar sua banda, muitos saíram do show insatisfeitos. Mas claro que excetuo dessa conta os fãs mais ardorosos.



Esses fãs sabem que o Dylan de 66 anos não cantaria mais como cantaria o de 25. São os que sempre souberam que o velhinho praticamente nunca toca suas canções, sobretudo os clássicos, de acordo com o arranjo original, modificando tudo quanto possível. Os fãs que sabem que o Dylan nunca teve o costume de muito falar com o público, e de que ao longo dos anos, tal hábito se tornou mais escasso...

Minha nota: 9. Dentro das propostas que eu já esperava de um show do Bob Dylan, tudo aconteceu perfeitamente, e inclusive melhor do que eu esperava, com um Dylan vivo, e ainda disposto a levar a sua música aos fãs. O que lamentei de fato foi o costume do nosso querido senhor de idade de proibir câmeras e telões em seus shows... Mas isso a gente abstrai.

SET LIST:
1. "Rainy day women #12 & 35"*
2. "It ain't me babe"*
3. "I'll be your baby tonight"*
4. "Masters of war"
5. "The levee's gonna break"
6. "Spirit on the water"
7. "Things have changed"
8. "Workingman’s blues #2"
9. "My back pages"
10. "Honest with me"
11. "When the deal goes down"
12. "Highway 61 revisited"
13. "Nettie moore"
14. "Summer days"
15. "Like a rolling stone"

Bis:
16. "Thunder on the mountain"
17. "Blowin’ in the wind"

*Bob Dylan à guitarra. As demais músicas, ao teclado.

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por V!, às 19:53


1 comentários:
Blogger Tullio Dias disse...

Lendo a sua resenha, V, dá até arrependimento de não ter ido. Deve ser legal ir num show de um doido que muda as músicas de maneira tão drástica... hahaha
haja criatividade...

6 de abril de 2008 às 15:34  



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